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Andy Emler
Pause
CD Naive 2010

 

Andy Emler fez uma pausa na sua actividade de direcção do já longevo megaoctet - um laboratório que tem produzido ao longo de mais de vinte anos algumas das obras mais estimulantes do Jazz francês – para explorar o som de um instrumento proibido no Jazz: o órgão de tubos de igreja. A verdade é que Emler não é um típico músico de Jazz e as fronteiras na sua música sempre estiveram bastante esbatidas, e não será por isso surpresa que a sua atitude face a este instrumento seja tudo menos convencional. Ela poderá ser considerada exploratória ou experimental; palavras perigosas nos dias que correm, utilizadas com frequência para definir música (ou arte) que tem na experimentação o seu próprio fim, produzindo amiúde objectos que mais caberiam numa classificação de «música esquisita».
Não é o caso de Andy Emler, que é um músico sério, como revela, apesar dos resultados, este disco. Emler convocou para Pause, constituído por cinco longas peças, cinco músicos, em formações diferentes, tendo sempre como referência o órgão do refeitório da Abadia de Royaumont, recentemente restaurado. Dois dos temas são tocados em trio, com bateria e baixo, e para os restantes três foram convidados solistas, um para cada tema: um saxofone tenor, clarinetes baixo e contrabaixo e um trompete. Brilhou Laurent Dehors em “Dehors dan les Nuages” e o trio sugere aqui e ali a necessidade de continuar o trabalho de pesquisa.
Ainda não foi desta que caiu o derradeiro tabu dos instrumentos proibidos no Jazz: o Jazz andou daqui apartado, o que não seria necessariamente um mal, mas os resultados foram desiguais e não muito conseguidos.

Andy Emler (or Cavaillé-Coll)
Claude Tchamitchian (ctb)
Éric Échampard (bat)
Laurent Blondiau (t)
Laurent Dehors (cl, clb)
Guillaume Orti (sa)

(Este texto foi publicado em Jazz 6/4 #14)